Ora meu Deus!
Realmente, acho que estamos perdendo o foco da importância das coisas. Ou estamos perdidos numa escala de valores absolutamente equivocada.
O que é preciso ser dito anda esbarrando no que é preciso ser silênciado. O respeito se desencontrando do que é preciso ser respeitado, numa falta de entrozamento entre o sujeito e seu objeto, o que torna certas questões incompreensiveis, inclassificáveis, inqualificáveis.
Mais uma vez sobre os formadores de opinião. Mais uma vez sobre a liberdade e a libertinagem da comunicação. Mais uma vez sobre a responsabilidade de quem expõe o conteúdo versus as possibilidades de interpretação de quem o analisa ou puramente o consome.
Enfim, o que deve ou não deve ser dito ainda se move paralelamente à ética, à retórica e à liberdade de expressão.
Num único dia , em frente à tv, não consegui entender os motivos que levaram a apresentadora Sonia Abraão a convidar o ex-marido vilão arrependido para um pedido de perdão público à atriz Suzana Vieira seguido de uma súplica para a reconciliação e, 24h depois, o mesmo ex-marido vilão anunciando seu amor pela amante, com quem estaria prestes a constituir família, numa exposição gratuita e muita falta de respeito aos sentimentos da pessoa da atriz, o que muito me lembrou a estonteante história de Bruna Surfistinha.
Por outro lado e logo na seqüência, surge a bombástica declaração em tom de desabafo e indignação da apresentadora Ana Maria Braga, escurraçando o tal marido-vilão, banindo-o deste mundo.
Por fim, o cara se afoga em cocaína, passa de vilão a vítima, deixa a amante em má situação, cumpre a profecia da apresentadora.
E agora José…?
O desfeixo deste caso infelizmente é trágico, mas fica aqui novamente uma reflexão diante da atitude da imprensa, se é que se pode chamar assim, e do estardalhaço em torno da vida pessoal da atriz.
Fiquei confusa. Alguém poderia me indicar com quem está a razão?
Ainda em frente à tv, aproveito para expressar minha indignação para com o desfeixo do caso do menino João Roberto. A alegação para a absolvição do policial é de que ele agiu no cumprimento do dever. Que eu saiba o dever da polícia é proteger o cidadão e não abrir fogo contra ele.
Não entendi.